Sobre a disseminação dos saberes populares em nosso cotidiano, poucos têm consciência de que muitos deles são ancestrais. Isto é, passaram de pais para filhos espontaneamente e que fazem parte das tradições, independente de grupo étnico.
Os estudos destes usos, costumes, cerimônias, crenças, superstições, refrãos ou dizeres, é chamado de “folclore”, ou “fato folclórico”, os quais são maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, conforme diz a Carta Magna do Folclore Brasileiro, de 1951.
Histórias, contos, rodas cantadas, canções, costumes religiosos, benzeduras para cobreiro, mau olhado; e chás caseiros por exemplo; tradições, memórias enfim muitas delas já estão registradas em livros. Uma forma de preservar o que no passado foi muito praticado e que ainda resiste aos novos tempos em que o “Não tenho tempo, nem paciência”, são os responsáveis do não serem preservados lindos costumes praticados na infância: ovo choco, cinco marias, amarelinha, soltar pipas (o gaúcho diz, respectivamente, sapata e pandorga) contação de histórias, de lendas e da continuidade das tradições Folias do Divino e dos Ternos de Reis, transmitidas pela oralidade, através dos tempos.
Minhas memórias:
Lembro que era susto na certa, passar em baixo de escada, porque era mau agouro- algo ruim iria acontecer...
Era muito comum o que chamávamos de cobreiro. A pele ficava volumosa e avermelhada em porções arredondadas. Aparecia normalmente no rosto e lábios. Certamente, o cobreiro estava relacionado às brincadeiras as quais tinham a ver com o mexer na terra, nas folhas, nas flores do campo, nos matinhos, na grama, e quem sabe colocar a mão suja no rosto. Então, para resolver logo a situação, nossa mãe nos levava até à benzedeira. Depois, tínhamos que ser benzidas por três dias consecutivos e tão acostumadas, já íamos sozinhas nos benzer. A última da qual me lembro foi Dona Picucha. Benzia com um galhinho que deveria ser alguma erva. Com ele fazia várias vezes o sinal da cruz enquanto murmurava dizeres e orações quando então, eu me acalmava porque elas lembravam as que eu ouvia ou repetia junto as contas do meu rosário. Dias depois, “surpreendentemente” a mancha havia sumido!
Nossa mãe dizia que não gostava do mês de Agosto. E eu perguntava, por que?
Explicava-me dizendo "porque é muito longo, invernoso e mês de cachorro louco..."
Ela faleceu num dia 13,de um Agosto ...
Na imagem, Inácio brincando de sapata em Agosto de 2022.
No Álbum,a capa do livro sobre a Coberta d’alma, costume ancestral de tradição açoriana que lá é chamado de Roupa d’alma. Sua essência está vinculada a espiritualidade cristã, pela fé na imortalidade da alma. Interessados em aprofundar conhecimento sobre o tema podem acessar a Biblioteca Pública Municipal Fernandes Bastos ou adquirí-lo, através do novo endereço de e-mail no Blog.
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