Depoimento de José Colombo, nascido no ano de 1947, então localidade da Borússia, hoje Distrito da Borússia, Osório.
Seus pais, Valdomiro Nunes e Angelina Colombo, moravam na Borússia. Sua morada possuía toda estrutura, suficiente para o sustento da família: como por exemplo, criações e moinho de farinha.
Porém, quando em 1953 surge o boato de que o mundo ia acabar, Valdomiro vendeu todos os seus bens e foi morar com a família na Vila Miguelzinho onde estavam reunidos os adeptos às crenças do curandeiro e rezador Miguel Ramos de Oliveira, líder religioso pregando o fim do mundo.
José Colombo tinha apenas 4 anos de idade e de suas lembranças vem a figura de Rafael Mantiele, dono das terras em que Miguelzinho julgava ser o melhor lugar, protegido e afastado. Muitos lotes foram vendidos aos seguidores que acreditavam ali ser um lugar seguro para se viver e assim se salvando. Os que possuíam mais posses, construíam suas casas da melhor forma e cobertura de telhas de barro. Procuravam se fixar próximo à casa de Miguel que ficava em ponto mais alto, bem no centro da vilinha que ia se formando. As demais casas, mais retiradas, eram cobertas com macega ou santa-fé.
Para sobreviver, mais de 70 famílias, os chefes de família e filhos mais velhos, saiam do lugar em busca de trabalho, principalmente na safra do arroz e milho.
Na Vila, cada um procurava plantar o que dava: abóbora e aipim. Também criavam vacas de corte e leite.
E logo a igreja foi construída , afirma o sr. Colombo. Ali Miguelzinho rezava, dava passes e chás para as queixas de seus fiéis, todos os sábados, dia em que não se trabalhava.
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