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Paulo de Campos
Maestro, Bacharel em Composição e Regência, Licenciado em Educação Artística com Habilitação em Música e Pós-Graduado em Folclore em Nivel de Especialização pela Faculdade de Música Palestrina, onde foi também professor de Teoria Musical, Harmonia Elementar e Superior e Música de Câmara.

Começou sua carreira nos festivais estudantis em Pelotas e Porto Alegre, ao lado de Kleiton Ramil, Haroldo Campos, Quico Castro ...Vizualizar perfil completo
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  Paulo de Campos
 
09/05/2010
FOLCLORE - OUTRO PRISMA

Encaro - sem ter aqui, a intenção de ser didático - o Folclore como ciência. Folclore é o estudo das manifestações populares. Folk = povo; lore = conhecimento, cultura. Esse termo foi criado pelo arqueólogo inglês William John Thoms (1803-1885), pesquisador da cultura popular européia. Em 22 de agosto de 1846, ele publicou um artigo com o título "Folk-lore", na revista The Athenaeum, propondo a criação do termo.

Não confundir, portanto, com tradicionalismo. O folclore não é estático, pelo contrário, é dinâmico e está em constante renovação. Um fato, para ser considerado folclórico, deve ter algumas, senão todas, destas características: funcionalidade; espontaneidade; intemporalidade; oralidade e anonimato.

No texto de apresentação do site folcorebrasileiro está registrado que: “ ... O Brasil possui um dos folclores mais ricos de todo o mundo. São danças, festas, comidas, obras de arte, superstições, comemorações e representações que, pelos quatro cantos do país, exaltam a nossa cultura. Se o Sul e o Sudeste brasileiros são regiões em que as manifestações folclóricas têm ocorrido com menor intensidade, por causa da crescente industrialização das cidades, no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste do país as tradições se manifestam cada vez mais vivas. Há muito tempo elas fazem parte da vida de muitas pessoas ...”

E é aqui que eu pretendo chegar: O Rio Grande do Sul tem um folclore rico, mas que praticamente não é conhecido. Por estar sendo confundido com tradicionalismo, e com o “culto � s tradições” imposto, de cima para baixo, por um sistema patriarcal e retrógrado.

Isso era afirmado, já em 1985, quando fiz o curso Pós-graduação em Folclore, e entre meus mestres estava o folclorista Paixão Cortes, o Mestre em Antropologia Antonio Augusto Fagundes, o Especialista em Arte-Educação e Folclore/Educação José Roberto Diniz de Moraes, Ney Paranhos, Norton Correa, Helio Moro Mariante, os historiadores Paulo Vicentini e Harry Bellomo, e o inesquecível folclorista Glauco Saraiva (este foi meu professor de Teoria Geral de Folclore, na faculdade dois ou três anos antes). Na disciplina Festas e Folguedos ministrada pelo Paixão, eu descobria, impressionado, que entre as poucas manifestações folclóricas vigentes, as mais fortes estavam no Litoral Norte do Estado. Falava ele, nas Cavalhadas, nos Ternos de Reis, nas Cantigas de Oi-la-rai, nos Maçambiques, nas Congadas, nas Folias do Divino. Mostrava ele, que essas sim, eram manifestações puras e espontâneas do povo. Ocorre, que também estas estão definhando. Por falta de incentivo e de apoio. A população em geral nem consegue ter informação ou conhecimento de quando e onde a maioria desses autos folclóricos acontecem.

Alegro-me ao ver que grupos de jovens como o da Invernada de Dança Adulta do Estância da Serra, estão sendo corajosos e inovadores ao agregar a suas apresentações, coreografias e músicas litorâneas de reinterpretação folclórica. Alegro-me ao ver nos festivais, compositores como Paulinho DiCasa, Marcelo Maresia, Kako Xavier, Beto Bollo, Jociel Lima, Cássio Ricardo, Ivan Therra, Mário Tressoldi, Paulinho Oliveira, Adriano Sperandir, Marco Araujo, Renato Júnior, Mário DuLeodato, Chico Saga, entre tantos outros, seguidores dos passos dados, primeiramente, por Ivo Ladislau e Carlos Catuípe, na pesquisa do verdadeiro folclore litorâneo de influência afro-açoriana, resgatando e reinterpretando ritmos, melodias, harmonias, instrumentos, historias, lendas, contos, crendices, indumentárias. Alegro-me ao ver a preocupação, destas e de outras pessoas, em registrar também os fatos atuais do momento que vive o litoral. Pois como disse, o folclore não é estanque, muito menos, coisa do passado.

Repare, que uso as palavras “reinterpretação”, “resgate” e “pesquisa” quando me refiro ao que essas pessoas citadas acima estão fazendo. Portanto, não são eles os personagens nem os agentes das manifestações folclóricas. E sim, os negros maçambiqueiros, os cantadores de ternos, os agricultores e os pescadores que ainda cantam as suas cantigas de trabalho, enfim, as pessoas humildes e espontâneas que trazem em si, toda essa carga cultural.

Alegro-me sim, por aqueles, estarem valorizando, pesquisando, resgatando, reinterpretando e trazendo ao conhecimento de toda uma população, a existência de tais manifestações ainda tão puras. Alegro-me, ao perceber o interesse e a satisfação dos meus alunos de Educação Artística do Ensino Médio Estadual quando são informados sobre a riqueza e a pureza cultural existente neste nosso litoral.

Portanto, a cultura popular do Norte, Nordeste e Centro-Oeste é conhecida por ter apoio, respeito e divulgação. (Mesmo que a mídia seja, na maioria das vezes apenas veiculada pelos canais de TV por assinatura ou por redes educativas.). E, porquê não a nossa também? ... É possível! Acho que estão sendo dados os primeiros passos para que isso se torne realidade! ...

* Texto publicado em janeiro de 2002 no Portal Litoralnorters e no Jornal Revisão, depois, em 2006, no Portal Festivais do Brasil, em 2008 em Artigos & Opiniões do Portal Cantadores do Litoral. Hoje, o movimento cultural de influência afro-açoriana do Litoral norte do Rio Grande do Sul, já alcança algumas repercussões a nível nacional e também nas Ilhas Açorianas e nas comunidades de língua portuguesa do Canadá. E, claro, no próprio RS. Agora, o Portal Rota Açoriana se transforma no mais importante canal de preservação, divulgação e sustentação dessa cultura.
       
 
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