A memória do litoral está morrendo e não vamos acoimar ninguém, mas podemos tentar sinalizar alguns motivos e pensar razões de certos porquês da nossa latente desunião: será que morreremos ilhas neste fantástico oceano cultural e nunca teremos o gosto da fraterna união, formando um continente imenso, onde nossas conquistas e saberes adquiridos sejam acolhidos e repassados aos parceiros e assim afinando um discurso, não fragmentado, mas sim permeado de imenso protagonismo em prol da cultura litorânea, do mar até a montanha.
Digo isso, pois, dia destes, ouvi de um gestor do litoral que necessitávamos trazer coisas “diferentes” nos “verões” e não me contive e disse: os “diferentes” somos nós, porquanto os “diferentes” que pensas em trazer, os nossos veranistas estão acostumados a assistir nos “invernos” deles e então complementei: por experiências vividas nas edições do festival “O Rio Grande Canta os Açores”, em Capão da Canoa, vi o publico vibrar intensamente com nosso produto cultural, pois o balanço, placidez, beleza das apresentações, adoçou os ouvidos e iluminou suas retinas. Ah! E os grupos litorâneos cruzando o Brasil e sendo premiados em grandes festivais como o caso do A4 da magnífica interprete Adriana Sperandir e o Chão de Areia e que estarão novamente nos representando no “Viola de Todos os Cantos”, SP e MG.
Esta diversidade, esta afro-açorianidade é fruto de uma capilaridade imensa que esta aqui a quase 260 anos que, apesar do descaso de alguns ainda pulsa pelo litoral e por isso voltamos a afirmar: senhores gestores, apostem na nossa cultura que é um produto riquíssimo e tem retorno financeiro, sim, e assim com bom alvitre não teremos nossos sonhos baldados, pois o nosso préstito em defesa da cultura litorânea, que esta aí latente, irá sinalizar e “acordar”, de vez, o Litoral.
“Ars longa, vita brevis!
*“Nove ondia” = veranista
|