Faz 26 anos, parece que foi ontem, quando a Escola Barão do Cahy fechou para irmos na Moenda naquela sexta feira. Todo mundo chegou cedo, chimarrão, pipoca, rapadura, pelegos e almofadas para nos acomodarmos nas arquibancadas do ginásio. Penso que nem sabíamos o que estava para acontecer. Sem esquecer aquela chuvarada!
A Moenda, uma engrenagem que com o suco da cana e seus derivados mudou a nossa Santo Antônio da Patrulha. Hoje as moendas se calaram ante à industrialização, nem se vê mais a caninha azul e as rapaduras sem rótulos. Aquela feirinha em torno do ginásio se tornou uma grande festa!
Felizes os seus idealizadores: enquanto as moendas iam se calando, o Festival nos deu um dos produtos que nós patrulhenses não deixaremos morrer. São 26 agostos, muita coisa aconteceu, muitas mudanças, novos rumos, parece que naquele tempo se fazia uma moenda com tão pouco... Analisando bem acredito que este pessoal que assumiu comigo é muito corajoso, deixo aqui a eles o meu agradecimento.
Como historiador é difícil contar a história no momento presente, e só o futuro vai responder o que não posso afirmar hoje.
No palco trazemos um restinho do passado para lembrar o tempo de aventureiros e guerreiros açorianos que chegaram para povoar o Rio Grande do Sul há 260 anos. Esta casa é o imaginário, onde fica, o que ela representa? Nossos antepassados... Fica aqui a história, que por si só nos faz viajar no tempo. Tempo cantado neste mesmo palco por José Cláudio Machado, com versos de Mauro Moraes:
“Agarra amigo o laço, enquanto o boi tá vivo
A enchente anda danada molestando o pasto
Ao passo que descampa a pampa dos mirréis
E a bóia que se come, retrucando o tempo
Aparta no rodeio a solidão local
Pealando mal e mal o que a razão quiser
Amada...
Me deu saudade
Me fala que a égua tá prenha,
Que o porco tá gordo,
Que o baio anda solto
E que toda cuscada lá em casa comeu...”
Histórias que se confundem. Sim, ainda temos muito desses aventureiros.
Parado em frente a esta casa na beira da RS-30, a mesma estrada real, estrada das tropas e das carretas, entendo o pensamento de Lupicínio Rodrigues, que Zé Cláudio Machado eternizou:
“Ver carreteiro
Na estrada passar
E o gaiteiro sua gaita tocar
Ver campos verdes cobertos de azul
Isto só indo ao Rio Grande do Sul
Ver gauchinha, seu pingo montar
E amar com sinceridade
Pois o Rio Grande do Sul
É pra mim, o jardim da saudade...
Ahh, Que bom seria
Se Deus um dia de mim lembrasse
E lá para o céu
O meu Rio Grande comigo levasse
Mostraria este meu paraíso
Para os anjos verem a verdade
Que o Rio Grande do Sul
É pra mim, o jardim da saudade...”
Salve os guerreiros de ontem e de hoje!
Salve a 26ª Moenda da Canção!
Luciano Gomes Peixoto
Presidente da Moenda Assoc. de Cultura e Arte Nativa |