Festa de Nossa Senhora dos Navegantes 2012 em São josé do Norte.
No começo do mes estive em São josé do Norte para fazer parte e documentar os festejos dos devotos de Nossa Senhora dos Navegantes, que é considerada, por muitos pesquisadores, a procissão mais antiga do Brasil, que completou nesse ano 201 anos ininterruptos de procissão.
Nossa Senhora dos Navegantes é a padroeira não só dos navegantes, mas também de todos os viajantes. Tal tradição foi mantida entre os marítimos e foi difundida pelos navegadores portugueses e espanhóis, disseminando-se entre os pescadores litorâneos principalmente nas terras colonizadas pela Espanha e Portugal. As conseqüências foram a multiplicação de capelas, igrejas e santuários nas regiões pesqueiras, particularmente no Sul do Brasil, onde a concentração de cidades que a veneram como padroeira é significativamente expressiva.
Nossa Senhora do Rosário A partir de 1811, na povoação de São José do Norte, cuja capela era sucursal da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Estreito, pois só foi elevada freguesia em 1820. Um grupo de homens, que empregavam suas atividades nas operações de carga e descarga dos navios, iniciaram um movimento de festividades religiosas em veneração Nossa Senhora dos Navegantes, utilizando, porém, uma imagem de Nossa Senhora do Rosário (Rozario na imagem ao lado), visto não existir figura alguma da Virgem sob a invocação pretendida.
Os homens engajados nas operações de carga e descarga atuavam nos navios fundeados ao largo e que eram atendidos através de catraias.
O dia escolhido para essas festividades foi 02 de fevereiro, que no calendário católico dedicava Purificação de Nossa Senhora.
As catraias eram então, devidamente ornamentadas, e o vigário da povoação do Norte prestigiou, desde logo, a festividade de origem popular.
Acompanhado pelos devotos, o sacerdote encabeçava uma procissão, em que levada em andor a imagem de Nossa Senhora do Rosário e, chegando praia, todos tomavam os seus lugares na catraias, que enveredavam em direção aos navios fundeados. Ao passar por eles, o vigário lançava a sua benção, e os respectivos tripulantes, em gesto que correspondia a um espetáculo de devoção, lançavam s águas as suas oferendas florais.
Quando o tempo permitia, as catraias estendiam o percurso, tornando a procissão mais prolongada, vindo até a ponta da Macega, na Vila do Rio Grande de São Pedro, e rumava pelo canal do Norte, chegando povoação de pescadores, em torno da Atalaia, onde estes profissionais a recebiam ruidosamente, genuflexos, em seus pequenos barcos ou nas areias da praia, recebiam, também a bênção litúrgica.
Ao iniciar-se a segunda metade do século XIX, São José do Norte experimentava um período de progresso e de prestígio.
E, por essa época, foi lá construída a nova igreja da localidade, um templo majestoso, que logo se tornou o exemplar mais expressivo da sua arquitetura urbana, superando, em porte e em atavios, a Matriz de Rio Grande, que já se havia tornado cidade (desde 1835). Este templo foi inaugurado a 2 de fevereiro de 1860.
A festividade de Nossa Senhora dos Navegantes, iniciada em 1811, ganhou então novo impulso, envolvendo as populações das duas localidades fronteiras... continuando ainda a ser levada a efeito com a utilização da imagem de Nossa Senhora do Rosário.
Nossa Senhora dos NavegantesAnos mais tarde, o templo de São José do Norte ganhou a sua imagem de Nossa Senhora dos Navegantes que, segundo o escritor rio-grandino Marcos de Miranda Armando (intendente municipal de São José do Norte entre 1912 1920), foi oferecida a Irmandade criada sob sua invocação por capitães, mestres tripulantes de variadas categorias, homens que, arrostando, permanentemente os perigos do mar em frágeis embarcações enchiam-se de fé para implorar a proteção da Virgem.
A imagem era de pequenas dimensões e fora mandada fazer na Bahia então um centro famoso de artistas escultores em madeira, com finalidades sacra.
Colocada no interior de um barquinho delicadamente confeccionado a imagem chegou ao Rio Grande no dia 21 de dezembro de 1875 e logo foi levada para a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes da Vila do Norte, tendo sido levada processionalmente através do canal, a bordo de uma catraia pertencente a Fortunato Gomes Polônia. A catraia foi rebocada pelo vapor “Progresso”, seguido de extenso cortejo de embarcações.